19 de maio de 2015

Tratamento de canal em dentes de leite?



Sim. Infecção por cárie, má formação da dentina e fraturas são alguns dos motivos que justificam esse tipo de procedimento nos dentes de leite. Confira:
É sempre uma grande surpresa quando damos a notícia para os pais de que será necessário fazer um canal no dente de leite do filho. Eles nos olham atônitos, incrédulos, sem realmente entender como é possível, dentro daquele minúsculo dentinho, existir um canal igual ao de um dente permanente. Muitas vezes, dois, três canais, dependendo do dente. Como?
Alguns pais acabam não se preocupando muito com os dentes de leite por acreditarem que dentro dele não existe absolutamente nada, ficam ali grudados na gengiva e um belo dia caem, simples assim!
Esse pensamento é comum porque, quando o dente amolece e cai, vemos apenas a coroa dele e nada mais. É que a raiz que mantinha o dente preso ao osso sofreu um processo chamado “rizólise”. Isto é, foi lentamente reabsorvida para dar espaço ao dente permanente, que aos poucos veio tomando o lugar do decíduo.
A prevenção deve ser feita o quanto antes para que esse mito não torne menos importante todos os cuidados tomados numa dentição decídua. Dente de leite tem raiz, polpa e terá, sim, que ser feito o canal em várias situações: infecção por cárie, má formação de dentina ou esmalte, trauma, fratura ou qualquer coisa que venha expor ou infectar esse local tão bem fechado dentro do dente.
O tratamento endodôntico nada mais é do que a retirada ou esvaziamento da parte viva do dente e sua obturação. São feitas radiografias, usadas “limas” como nos adultos e o isolamento absoluto, que é a colocação de um pedaço de borracha (como um lenço) na boca da criança, deixando para fora apenas o dente a ser tratado, evitando assim a contaminação. A polpa (que fica dentro da raiz) tem um aspecto vermelho gelatinoso e contém toda vascularização que liga o dente com o resto do corpo.
Depois que o canal é esvaziado, devidamente limpo e seco, será preenchido por um material restaurador especial que manterá o espaço interno asséptico (sem bactérias) e será reabsorvido de maneira natural, junto com a raiz no tempo certo.
Sempre busque ajuda de um especialista, porque, quanto menor a criança, maior o grau de dificuldade. Em crianças especiais, o tratamento pode contar com a ajuda de anestésicos inaladores ou anestesia geral.
Por mais impossível que pareça, muitas crianças acabam até dormindo na cadeira, o que facilita muito no tratamento. É importante que as experiências negativas dos pais não interfiram nesse processo, pois a ausência do medo torna tudo mais simples e a tranquilidade da criança significa sucesso para o profissional.
Para que a criança não precise passar por isso, é fudamental que os pais cuidem com carinho dos dentinhos dos filhos. É sempre uma luta árdua diária fazer com que os pequenos nos deixem escovar seus dentes sem nos levar ao limite da paciência. Mas, acredite, um sorriso gostoso faz cada minuto dessa batalha valer a pena!
Marta Haddad (revistacrescer.globo)